JC, o ex-sócio de Eike, quando ainda usava branco, a bordo do jatinho, sobre ser bilionário: “Isso é balela, sou um batalhador”
Nos últimos tempos, ele só veste preto, que considera a cor do poder. Conserva barba e cabelos brancos, está sempre de óculos escuros, se diz místico e já foi chamado pelo The New York Times como ‘o geólogo que fala com o cosmo’. É frequentemente citado como um dos 20 brasileiros mais ricos, mas garante que a imprensa exagera quando o chama de bilionário. “Isso é balela, sou um batalhador”, afirma ao iG o empreendedor baiano João Carlos Cavalcanti, o JC, conhecido no mundo da geologia como o ‘farejador de minérios’ depois de ter descoberto minas gigantes de fosfato, ferro e níquel ao lado de sócios como Daniel Dantas, Eike Batista e os Ermírio de Moraes, donos do grupo Votorantim.
Após a parceria com Dantas, que diz ter sido positiva na estruturação da empresa de pesquisa mineral do banqueiro do Opportunity, a GME4, Cavalcanti criou a World Mineral Resources Participações S.A. (WMR). Agora, um ano após a estrutura a companhia, afirma ter encontrado na Bahia uma reserva estimada em 28 milhões de toneladas de neodímio – um dos 17 elementos que compõe o grupo de minerais chamado terras raras, usados em equipamentos de alta tecnologia, como carros elétricos, smartphones e tablets. "É a primeira descoberta de neodímio no Brasil similar ao maior depósito do mundo, que é Baotu, na China. Encontramos teores de concentração semelhantes ao neodímio chinês, com 12,75%. O da China está com 12%, 14% de concentração”, diz o geólogo.
As terras raras têm se valorizado no mercado internacional após a China estabelecer cotas para exportação do insumo estratégico para a indústria de alta tecnologia, em represália ao embargo de navios de carga pelo Japão em 2009. “O preço do neodímio hoje está US$ 300 mil a tonelada”, observa. Caso as 28 milhões de toneladas sejam extraídas e vendidas no valor citado por Cavalcanti, a reserva poderia render US$ 8,4 bilhões.
O anúncio formal da descoberta será realizado no final deste mês ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). O próximo passo será fazer o levantamento detalhado do tamanho da reserva diluída em rochas compostas por fluoretos de cálcio na cidade de Serra do Ramalho, oeste da Bahia. “Fizemos estudos geológicos preliminares, já identificamos a mãe do minério e estamos trabalhando para idenficar o valor final [tamanho do depósito]”, indica.
Auto-definido como “místico”, Cavalcanti diz ter descoberto a região onde está o neodímio nos anos 1970, quando começou a estudar os minerais. Mas foi depois de uma visita à mina chinesa de Baotu que decidiu averiguar geologicamente o terreno – a WMR requereu 36 áreas ao DNPM, totalizando 50 mil hectares.
"Eu tinha visto essa jazida em 1974, quando eu tinha 24 anos e trabalhava para uma empresa do estado [Bahia]. Aí, estive na China e fui visitar Baotu, que é igualzinho [em incidência de fluorita roxa, a rocha onde o neodímio está diluído]. Desci no aeroporto de Guarulhos, peguei meu jato e fui para Bom Jesus da Lapa, meti o martelo para dentro, mandei avaliar e deu os mesmos teores do neodímio da China", conta.
O próximo passo depois de confirmar a existência do mineral será buscar investidores dispostos a aplicar recursos para extrair terras raras. Mas ao contrário de projetos anteriores, Cavalcanti pretende manter 51% de controle da WMR. Avesso a ser chamado de empresário e preferindo a alcunha de empreendedor, o geólogo tenta um novo modelo para atuar no mercado.
O geólogo é conhecido no mercado como o “farejador de minérios”, após ficar famoso por descobrir reservas e vender inicialmente 70% do negócio para sócios. Foi assim com depósitos minerais negociados com Eike Batista, no início dos anos 2000, e o com o grupo Votorantim, junto ao qual mantém 23,75% da Sul Americana Metais – empresa da Votorantim Novos Negócios, que desenvolve mina de ferro no norte de minas descoberta por Cavalcanti. “Antes eu descobria, vendia 70% e ficava com 30%. Agora, eu também quero ser tubarão. Estou tranquilo dessa vez e capitalizado", indica.
A meta de Cavalcanti é fazer da WMR um condomínio mineral com cotas de projeto vendidas em processo de concorrência internacional. "A WMR deverá desenvolver 28 projetos em todo o Brasil”, afirma. "Estamos colocando cotas no mercado paulatinamente, 14 grandes investidores já compraram. Temos expectativa de que novos investidores adquiram mais cotas”, confia.
Ele acaba de voltar de uma rodada de apresentação de projeto nos Estados Unidos e Canadá, onde se reuniu com investidores interessados em três grandes projetos: bauxita, ferro e terras raras. “Começa a ter interesse de bancos de investimentos americanos, canadenses e suíços”, antecipa. “O investidor chega e diz qual empresa quer entrar. São empresários que têm faturamento mínimo de US$ 100 milhões cada”, planeja.
Caso a investida seja bem sucedida, a WMR se tornará uma holding ramificada por empresas administradoras de bens minerais diferentes. Em seguida, a mineradora irá à BM&Fbovespa. “Pretendo ir ao mercado daqui a 2,5 ou três anos para fazer um IPO [listagem inicial de ações, na sigla em inglês]”, diz o geólogo.
Fortuna cobiçada, mas não confirmada
O “voo solo”, como chama a nova fase Cavalcanti aos 64 anos o filho de um ex-oprarário ferroviário nascido em Catulé (BA), só foi possível após negociar a quebra de contratos de não competição firmados com o Opportunity e a Eurasian Natural Resources Corp. (ENRC), mineradora que arrematou mina de ferro Caetité. “As multas [dos contratos] passavam de US$ 100 milhões”, revela.
O valor, contudo, pode não ser muito para o empreendedor, cuja riqueza pessoal estimada pelo mercado em R$ 2 bilhões. “O pessoal confunde a empresa com o meu patrimônio”, garante o empreendedor que agora investe no ramo hoteleiro em Itacaré (BA). Mas Cavalcanti revela ter sido sondado pela revista americana Forbes para aparecer na lista dos mais endinheirados do globo ao lado do desafeto Eike Batista. “A Forbes me ligou, mas quem gosta de aparecer é peru”, comenta.
Figura conhecida nas rodas sociais da Bahia, Cavalcanti flertou com o poder na tentativa de ser vice-governador ao lado do ex-ministro Gedel Vieira, em 2010. Ele resgata o passado humilde como filho de operário para justificar o bom relacionamento. “Eu não sou mendigo, comecei do zero, virei classe média, classe média alta e milionário. O Brasil só tem 153 mil milionários, o que é pouco perto dos Estados Unidos, que têm mais de 250 mil. Estou nessa categoria, agora dizer que sou bilionário é mentira. Vou chegar lá, esse é meu projeto”, confia.
Nivaldo Souza, iG Brasília - Foto AE
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REFERÊNCIA
:http://www.caetfest.com.br/noticias/117-geologo-baiano-descobre-reserva-de-terras-raras-de-us$-84-bi
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João Carlos Cavalcanti tem R$ 2 bilhões, não gosta de Carnaval, odeia axé e quer ser vice-governador da Bahia
Hugo Marques.
Patrimônio
Cavalcanti exibe uma de suas mansões, em Bragança Paulista, interior de São Paulo
Geólogo de formação, o empresário João Carlos Cavalcanti ficou bilionário ao encontrar grandes jazidas de minério de ferro no interior da Bahia. Sua fortuna não parou de crescer nos últimos 30 anos. E JC, como é conhecido no mundo dos negócios, vive de acordo com o patrimônio que amealhou. Embora evite badalações, gosta de pilotar carros de luxo, numa coleção que inclui Ferrari, Porsche e Maserati. Também tem vida ativa na política de seu Estado, mas sempre foi homem de atuar nos bastidores. Agora, porém, aos 60 anos, decidiu dar a cara para bater. Ele oscila entre se lançar a vice-governador da Bahia na chapa do exministro Geddel Vieira Lima (PMDB) ou a senador da República. “Tenho planos sérios de ser candidato a presidente da República em 2018”, anuncia o ambicioso Cavalcanti. Ele já faz discurso de campanha: “Não vou roubar, eu não preciso roubar, ganhei meu primeiro milhão aos 26 anos de idade.”
Este novato em campanha eleitoral deixa muitos caciques baianos de orelha em pé, não apenas pelo patrimônio pessoal de R$ 2 bilhões, mas também pela possibilidade de atrair contribuição de grandes empresas para o caixa do PMDB. “Ele tem a capacidade de mobilizar recursos pessoais e de grandes grupos, mas dinheiro não é tudo numa campanha”, diz o deputado Nelson Pellegrino (PT-BA). Cavalcanti é sócio de empresas que contam com a participação de Antônio Ermírio de Morais, do Grupo Votorantim, Daniel Dantas, do Grupo Opportunity, e Eike Batista, da MMX. “Os grandes grupos de consórcios dos quais faço parte, acredito, vão contribuir para nossa campanha”, prevê JC. O bilionário quer ocupar o que considera uma brecha na política local, aberta com a morte do ex-senador Antônio Carlos Magalhães. “Depois de ACM, isso aqui virou um balaio de gato. Vários prefeitos do PT me procuraram insatisfeitos com a ida do César Borges, do PR, para a chapa do PT”, afirma.
Os adversários de Cavalcanti, de seu lado, costumam explorar o perfil nada convencional do empresário. Num anátema à cultura baiana, ele detesta Carnaval e odeia axé. “Nunca gostei de confusão, foge totalmente ao meu lado espiritual, gosto mesmo é de música clássica e de canto gregoriano”, diz Cavalcanti. “Carnaval é uma coisa que sempre me chocou, do ponto de vista da violência.” Futebol nem pensar. JC diz que não pisa num estádio desde 1969. “Naquela época, fui a um jogo, olhei para um lado e para o outro e não vi nas arquibancadas nenhuma pessoa que pudesse agregar valor”, conta ele. “Aí eu decidi: não vou mais frequentar estádios, não tenho nada a ganhar. Para mim, futebol é uma coisa sem sentido.”
JC também não olha com entusiasmo as políticas assistencialistas do governo e diz que “daria uma modificada no Bolsa Família”, investindo em programas para fortalecer o potencial de cada município. O empresário, em sua visão crítica, é extremamente ácido com os políticos da Bahia. “O ex-governador Paulo Souto fez um governo vagabundo, irrisório, medíocre, uma merda”, diz o bilionário. “O Jaques Wagner é meu amigo, mas em quatro anos de governo não fez praticamente nada, a educação está horrível, a violência é incrível.” Os petistas reagem e sustentam que Cavalcanti só ganhou relevância na política baiana porque controla o caixa de campanha de Geddel. “Ele é um personagem que não tem nenhuma expressão no meio político”, diz o presidente do PT, Jonas Paulo.
O bilionário, no entanto, tem bom trânsito no PT nacional. Numa conversa recente com o presidente Lula e a então ministra Dilma Rousseff, Cavalcanti foi bem claro: “Lula, nós viemos de baixo, sofremos, e estou à sua disposição para que a Dilma seja eleita”. Mesmo fazendo campanha para Dilma, o bilionário acredita que o PT não vai vencer a eleição. “O presidente Lula não consegue transferir o carisma e os votos dele para a Dilma”, diz Cavalcanti. “Nas últimas eleições, o Lula não conseguiu fazer nenhum prefeito de grande capital. Ele tinha que criar o PLB, o Partido Lula do Brasil”, diz. O empresário acha que a ética será um tema vital na campanha. “Temos que mostrar que não fazemos parte deste ‘roubolation’ da vida política brasileira”, diz ele. “Esses escândalos todos, o PT com o Mensalão, o PSDB em Minas, com o senador Eduardo Azeredo, o DEM de Brasília, são uma coisa generalizada.”
Cavalcanti, porém, não tem a mesma verve quando o alvo é seu aliado Geddel Vieira Lima, que, como ministro da Integração Nacional, distribuiu para cidades baianas quase a metade do orçamento destinado aos municípios do País, deixando de investir em capitais como São Paulo e Rio de Janeiro. “Isso é a velha dor de corno, de gente que é contra. Bota um gaúcho, bota um paulista, será a mesma coisa”, rebate Cavalcanti. “Qualquer um faria isso. Pense como uma família. Sempre vai primeiro para a sua família.” Ao que tudo indica, João Carlos Cavalcanti, que é filho de imigrantes italianos, além da língua afiada, acha que a política é um negócio de família.
REFERÊNCIA
http://www.istoe.com.br/reportagens/64121_O+BILIONARIO+DE+GEDDEL
PESQUISADO E POSTADO PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).
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